terça-feira, 24 de maio de 2011

Thil



















Um pouco por acaso ficamos a saber que numa das nossas cidades vizinhas, Thil, tinha havido um campo de concentração. Após uma breve busca, a constatação de um facto algo perturbador: a uns meros 5kms de distância da nossa actual residência, num local hoje composto por um imenso vale verdejante rodeado de belos arvoredos, existiu, há quase 70 anos, um campo de extermínio nazi. Na Junta de Freguesia local ofereceram-nos um dossier com cópias de diversos documentos importantes. Lá explicam que o estado-maior da Luftwaffe escolheu aquela localidade para a construção de uma fábrica subterrânea ultra-secreta, aproveitando as instalações de uma exploração mineira. Mantidos em condições terríveis em campos de reclusos nas regiões vizinhas, os prisioneiros que lá trabalhavam eram levados de comboio e entre eles contavam-se também cidadãos portugueses. A ocupação daquele espaço durou entre 1940 e 1944 e comportou mais de 3500 detidos. Quando a mão-de-obra começou a escassear, as forças nazis decidiram construir um campo de concentração perto da fábrica e “recrutar” judeus de outros campos. Lá estiveram 861 pessoas em cativeiro. Em 1946 o município de Thil decidiu criar uma cripta em memória de todos os que lutaram pela liberdade, construída no local exacto onde se encontrava o forno crematório utilizado pelos nazis para reduzir os mortos a cinzas e assim eliminar as provas da sua existência.
Depois de atravessarmos um pequeno túnel, vindos do centro da vila, uma tabuleta com a frase «Não Esqueceremos Nunca» aponta para o espaço onde foi construída a «Nécropole Nationale de Thil». Pelo caminho, estátuas criadas por vários artistas da região. No interior da cripta, pedaços da história que mais marcou o Velho Continente no século passado. Uma maqueta do antigo campo de concentração, uma farda original de um prisioneiro de um campo de concentração, um pote com cinzas provenientes de outro campo de concentração (em Buchenwald), um esquema do engenho voador não tripulado «V1» (uma enorme bomba, com a forma e o tamanho de um avião, designado pelo III Reich como «projéctil de longa distância e de destruição massiva»), um forno crematório e uma caixa em vidro com pedaços de ossos recuperados do seu interior.
À saída, observando o imenso vale e lembrando as historias lidas, ficamos a pensar como teriam sido esses tempos. Onde hoje passeamos em liberdade, há 70 anos vivia-se um tormento impossível de quantificar. Foram nestas estradas, nestes campos, nestas ruas, nestas casas, nestas pedras da calçada que demónios vestidos de gente assombraram as vidas de milhões de inocentes (05-04-2011).

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Esch-sur-Alzette V





















Na zona mais comercial da cidade existe um edifício que alberga o Museu Nacional da Resistência. É um testemunho do passado e um espaço de reflexão. No seu interior é prestada homenagem aos luxemburgueses que sobreviveram aos tormentos da ocupação Nazi e a todos os que morreram pela pátria. Num espaço de dois pisos, podem-se ver documentos, fotografias, cartazes, armas, roupas de prisioneiros, placas comemorativas, medalhas, etc. (30-03-2011)

Ville de Luxembourg IV (a)










Hoje ficamos a conhecer um pouco melhor o quarteirão de Kirchberg, na capital. Composto, principalmente, por uma enorme avenida que tem início na zona das fortificações e termina no salão internacional de exposições LuxExpo, trata-se de uma zona ultra-moderna onde reinam as construções em aço e vidro dos edifícios dos organismos financeiros da União Europeia, da banca luxemburguesa e internacional e das lojas das marcas de maior prestígio mundial. Numa ligação entre o que representa o passado e o futuro do país (na nossa opinião, bem conseguida), descobrimos finalmente o Forte Thüngen, o Forte Obergrünewald, o edifício do Fundo de Investimento Europeu, as novas torres e o antigo palácio do Tribunal de Justiça da União Europeia e o bizarro edifício do Hemiciclo Europeu (cuja forma lhe valeu um prémio arquitectónico). É um quarteirão que irá merecer uma nova visita no futuro, pois ainda muito ficou para ver (25-03-2011).

Ville de Luxembourg IV (b)










Construído em 1732 pelos austríacos – um dos muitos povos que ocuparam o Luxemburgo ao longo dos tempos –, o «Forte Thüngen», visto de cima, tem a curiosa forma de uma seta gigante e serviu como defesa contra diferentes forças invasoras. A entrada é feita por entre duas belas torres e as suas muralhas ainda se mantêm num excelente estado de conservação. Actualmente alberga o «Museu Dräi Eechelen», localizado principalmente numa área construída nas suas traseiras, onde reina o brilho do vidro (25-03-2011).